Naquele Tempo...




Nestes
últimos tempos nenhum de nós tem ficado em casa. Nem os meus colegas
do Liceu nem os meus amigos do Bairro. Nem familiares, nem vizinhos,
sejam novos ou velhos. Ninguém.
Nem os camponeses ou assalariados
,nem os desempregados, os precários ,os funcionários do Estado e os
privados, os operários, os marginalizados , os inconstantes, os
licenciados à procura da 1ª colocação , os hesitantes e os
explorados de longa duração.
Todos engrossam a multidão
reivindicativa e é ver os cantadores brilhantes e também os desafinados
na canção da vida, os que carregam suores , os esfomeados ,os
sofredores, os desorientados , os madrugadores , os retardados e até o
casal de namorados, apaixonados, a participarem neste imensa
demonstração de todos quererem fazer ouvir a sua opinião.
E cabem todos neste frenesim.
Os democratas, os revolucionários ,os proletários, os vira-latas. Os estrangeiros documentados ou não, os gajos porreiros,

os
analfabetos espoliados, os paneleiros ainda discriminados , os
mineiros, os metalúrgicos, os viciados e até os ressacados. Mais os
ateus, os litúrgicos, os solteiros crentes , os separados descrentes e
os casados indiferentes.

E vêm os poetas , os escritores e
trovadores e mais silhuetas de criação, que voam sobre a multidão
como borboletas a anunciar a nova Estação.

Nesta Primavera de
Abril ninguém fica em casa e todos vêm respirar estes novos ares do
poder popular e até os militares juntam-se ao povo em união e ,

ui, espera, até os militares?

Não ! Essa agora já ultrapassa toda a imaginação.

Está-se mesmo a ver . Pois. Bati outra vez. Bati na mesinha .Não vai
ser fácil acordar em 2012 ,onde quase todos estão a ser roubados e
as ruas quase desertas de indignados.

……..foto a um manifesto dos SUV (Soldados Unidos Vencerão) em 75.


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