Retratos de uma "Freguezia" .







Estávamos no início do ano da desgraça de 2050.
Mais uma década que terminava , a 4ª consecutiva a empobrecer .

À “Freguezia” , há muito que já não chegava nenhum tipo de veículos.
As estradas, sem comércio ,sem empregos e sem dinheiro pa

ra viagens, permaneciam desertas.
Os sobreviventes autóctones viviam do que a terra dava , sempre sujeitos aos imponderáveis do tempo.

As secas e as intempéries destruidoras deitavam ,amiúde ,tudo a perder.
Na seca de 2046/47 ,por exemplo , a população da “Freguezia” chegou à
carestia extrema ,obrigada que foi a alimentar-se de raízes e algumas
plantas.
2048 ficou célebre pela saraivada monumental precisamente
na fase final da maturação da uva e toda a colheita se perdeu. Triste
cenário para 2049.
Um povo neste estado e coitado, um ano contado, sem vinho.

2050 entra com boa colheita ,que este ano o tempo ajudou, mas aí vem a
1472ª visita da Troika que já fez saber que a “Freguezia” está a
viver acima das suas possibilidades , que o défice continua excessivo e
assim , irá confiscar 50% da colheita .
O “Presidente da Junta” ,
recentemente eleito, tinha prometido em campanha que nunca permitiria
mais impostos , mas agora justifica a cedência, com a necessidade do
“regresso aos mercados”.
O povo da “Freguezia” não vai cruzar os
braços mas lamenta que há 4 décadas atrás, quando ainda havia alguma
coisa a negociar , tudo tenha sido mal tratado, desbaratado.
.......foto minha.





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